É difícil, depois do que ouvimos dizer algo
sobre Luiz de Mattos, tal a emoção que essas evocações nos trouxeram a nós,
suas filhas, que sempre tivemos por ele grande admiração, pois, para nós, ele
foi o melhor dos pais.
Assim, evocamo-lo, agora, como nos tempos idos de menina-moça vendo a sua figura fidalga, de porte austero, na sua sobrecasaca preta, como era moda nos fins do século passado, fisionomia severa, contrastando com as suas atitudes e gestos que, para nós, eram um misto de bondade, carinho e compreensão.
Porque, era singular: ele nos compreendia, parecendo que adivinhava as nossas preocupações, as nossas mágoas, como se fosse da nossa idade!
Assim, evocamo-lo, agora, como nos tempos idos de menina-moça vendo a sua figura fidalga, de porte austero, na sua sobrecasaca preta, como era moda nos fins do século passado, fisionomia severa, contrastando com as suas atitudes e gestos que, para nós, eram um misto de bondade, carinho e compreensão.
Porque, era singular: ele nos compreendia, parecendo que adivinhava as nossas preocupações, as nossas mágoas, como se fosse da nossa idade!
Decorridos tantos anos, parece-nos agora que era o seu porte altivo, o
seu modo de trajar, o feitio cavalheiresco que tinha no trato, quer com a
família, quer fora de casa, com os estranhos, que tanto nos encantava.
Cuidou de nossa cultura, dando-nos professores de tudo, inclusive de
pintura e música, das artes, talvez as que mais apreciava.
Não admitia falta de linha, mesmo na intimidade, e detestava o emprego
de gíria, que “manchava os lábios de uma menina de família”, dizia,
repreendendo-nos.
Era tão exigente com o emprego da língua portuguesa, que corrigia nossa
correspondência quando internadas no Colégio, e no-la devolvia, para que
anotássemos suas corrigendas.
Ao sair do Colégio, sendo a filha mais moça e solteira, tornei-me sua
secretária. Meu pai
estava no auge de sua luta de jornalista e doutrinador. Nas reuniões públicas, no Centro, doutrinava de improviso, mas suas conferências e
artigos de jornal eram escritos em papel sem pauta, numa letra nervosa e
impaciente de quem muito tinha de expressar no tumulto das ideias.
Gostava de escrever só, trancado em seu gabinete, com o silêncio
interior envolvido pelo silêncio cá de fora.
E passava-me as laudas, por baixo da porta, sem abri-la.
Iniciava, então, minha tarefa: adivinhar o que esta escrito, e
datilografar o artigo.
As palavras ininteligíveis ficavam em branco e, no princípio, não eram poucos os claros que deveriam ser preenchidos, mais tarde, mediante consulta.
As palavras ininteligíveis ficavam em branco e, no princípio, não eram poucos os claros que deveriam ser preenchidos, mais tarde, mediante consulta.
E assim, foram escritos e datilografados livros, conferências, artigos,
inclusive a Nota, que aprecia, diariamente, em a A RAZÃO, agora encadernada em
37 volumes.