Luiz José de Moraes Mattos Chaves Lavrador –
Nasceu na Vila de Chaves – Província de Trás-os-Montes (Portugal), a 3 de
janeiro de 1860, era filho de José Lavrador e Casimira Júlia de Mattos Chaves.
Seu pai era natural
de Orence, Província de Galiza (Espanha), descendente em linha direta da
família de fidalgos Lavradores. Sua mãe era descendente dos grandes lutadores e
fidalgos Mattos Chaves, fundadores da linda, hospitaleira e salubérrima Vila de
Chaves.
Aos
13 anos, no ano de 1873, veio para o Brasil, desembarcando nesta cidade do Rio
de Janeiro, onde o aguardava o seu irmão, já negociante, em Santos, Vitorino de
Mattos Lavrador, e no Colégio São Luís, em Botafogo, internado foi por algum
tempo, a fim de seguir estudos.
O
desejo de Luiz de Mattos era de vir para Santos-SP para ficar na companhia dos
seus tios Victorino e João de Mattos Chaves.
Partiu assim, autorizado por seus tios, para Santos, empregando-se numa importante casa de estivas – secos e molhados no atacado – e da qual se passou, mais tarde, para o comércio de café, desenvolvendo aí grande atividade.
Dotado
de uma inteligência incomum, assimilou tudo com incrível facilidade, neste novo
rumo de comércio, nada havendo que Ele não soubesse fazer com perfeição,
inclusive ensacar, empilhar, separar e qualificar o café.
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Entregue
a essa nova atividade, fez ele as mais elevadas relações com políticos,
fazendeiros, negociantes, industriais, literatos, etc., chegando a alcançar as
maiores simpatias entre compradores e vendedores de café, sendo, em breve, o
mais considerado dentre os seus colegas.
Despedindo-se
da casa em que trabalhava, para se estabelecer, iniciou-se, como comissário de
café; seu capital era pequeno, mas as excelentes relações que tinha no interior
e a sua grande simpatia concorreram para que, ao saberem-no estabelecido, os
fazendeiros mandassem-lhe a maior parte das suas colheitas, e assim foi fazendo
uma casa importante, a ponto de tornar-se a maior casa portuguesa em Santos,
naquela época, exportadora de café.
Conhecedor
profundo da matéria, prestimoso e pontualíssimo na prestação de contas aos seus
comitentes, alastrou-se a propaganda da sua casa de tal forma que os
fazendeiros, mesmo os que não o conhecessem, lhe faziam grandes consignações.
Sempre
ativo e trabalhador, Luiz de Mattos chegou logo a possuir considerável fortuna.
Foi fundador de diversas empresas no Rio de Janeiro e em Santos; dentre elas a
Companhia Industrial, a Companhia Carris de Ferro, etc. Convém observar que
esta última foi organizada em época de grandes dificuldades financeiras. Só
mesmo seu irresistível prestígio poderia conseguir traduzir em realidade uma
idéia que demandava de pronto avultado capital.
Além
destas e outras empresas, Luiz de Mattos foi igualmente o fundador da Sociedade
Humanitária dos Empregados do Comércio, do Real Centro da Colônia Portuguesa,
etc.
No
Asilo da Infância Desvalida de Santos, desde jovem, foi ele incluído no número
de seus grandes Benfeitores.
A
todas as instituições humanitárias ele comparecia, com prazer, auxiliando-as
tanto quanto lhe era possível.
Grande
abolicionista, amigo dedicado de José do Patrocínio, Júlio Ribeiro, Chico
Glicério, Campos Sales, Bernardino de Campos, Santos Pereira, Luiz Gama e
outros, bateu-se sempre pela abolição.
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Quando promulgada a
Lei de 13 de maio, ele, o Dr. Manoel Homem de Bittencourt e outros brasileiros
e portugueses realizaram em Santos esplêndidas festas em comemoração ao grande
acontecimento, que fazia entrar definitivamente o Brasil no convívio das nações
civilizadas.
Embora
havendo nascido em Portugal, era tão brasileiro como os aqui nascidos, visto
ter desde criança, acompanhado, com vivo interesse, o progresso e trabalhado
pela felicidade do povo brasileiro, com ele e por ele se batendo ao lado dos
nacionais honrados daquele tempo, que acima dos interesses do bolso sabiam
colocar os da Pátria.
Dizemos
naquele tempo porque depois que descobriu a Verdade e passou a explanar a
Doutrina de Cristo, compreendeu e se convenceu de que Pátria apenas uma existia
– O UNIVERSO – e que a seleção de povos e raças era, como continua a ser, uma
consequência da ignorância em que viviam, e vivem ainda, todos os povos do
planeta Terra.
Como
autoridade consular em Santos, deve-se a Luiz de Mattos o fim das cenas
desagradáveis havidas naquela cidade, entre trabalhadores e praças de polícia
ali destacadas.
Com
o entendimento havido entre ele e o Dr. Bernardino de Campos, então Chefe da
Polícia, em São Paulo, viram-se serenar os ânimos, restabelecer-se a ordem e
voltar à calma e ao trabalho a cidade de Santos, sendo Luiz de Mattos alvo de
grande manifestação popular.
Na
Capital Federal, tinha ele também casa filial à de Santos para negócios de
café, cuja direção estava confiada a um seu irmão. Em café, por mais de uma
vez, perdeu e ganhou fortunas.
Era
um empreendedor, um criador, um reformador. No comércio de café, foi criador do
hoje desenvolvido sistema denominado café “a termo”, que, executado dentro dos
seus moldes, é um negócio lícito, inteligente, moderno e de grande vantagem
para o lavrador, o intermediário e o comprador.
Entre
comerciantes e corretores da praça de Santos, nada era resolvido sem que
primeiro fosse ouvido o Luiz, como na intimidade comercial de café o tratavam.
Qualquer
negócio de vulto em café, não era resolvido sem o seu conselho. Era voz geral:
“Vai consultar primeiro o Luiz”.
Luiz
de Mattos desencarnou em 15 de Janeiro de 1926, na cidade do Rio de Janeiro, às
seis horas da manhã, quando completava 66 anos de idade. Foi sepultado no
cemitério de São Francisco Xavier.
Desencarnou
lúcido, calmo, em sua residência. Por ocasião da desencarnação dessa nobre
alma, ocorreu um fenômeno psíquico, relatado pelo Sr. Eduardo Teixeira, na
época, Encarregado Geral do Centro Espírita Redentor. Disse ele, que nesse dia
ocorreu o desdobramento de Luiz de Mattos.
03 de janeiro de 1860, nascimento de Luiz José de Mattos
Por Josué Vagner de Campos Pereira
Fonte:
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