É tão
difícil compreender a humanidade, satisfazê-la, atendê-la nas suas necessidades
que, apesar da boa vontade e do grande desejo de serem úteis, aqueles que
desejam auxiliar e esclarecer os seres encontram múltiplos fatores que
dificultam a tarefa.
É difícil
compreender a humanidade. Ela está sempre descontente, nunca se satisfaz com
aquilo que se lhe oferece, traz consigo uma eterna revolta, a revolta dos que
tudo querem e pouco ou nada fazem por merecer.
A
humanidade só será feliz quando possuir desprendimento e compreensão, quando
souber se colocar no seu lugar, adaptar-se ao seu meio, souber receber e dar.
É o
egoísmo que domina os espíritos, que os cega, que os impossibilita de
raciocinar. É o egoísmo que torna a humanidade má, injusta e eternamente descontente.
Tudo se
tornaria mais fácil, os homens seriam mais humanos e mais compreensivos, se
cada um procurasse colocar-se no seu devido lugar, se pensasse e medisse bem as
consequências dos seus atos, desse mais valor àquilo que valor tem, pusesse de parte
o seu "eu" vaidoso, como espírito prepotente e orgulhoso, para
tudo saber ver com moderação e discernimento.
Os
seres são infelizes, muitas vezes, porque querem ser, porque cavam a sua
própria infelicidade, desprezam o bem que muitas vezes lhes vem cair às mãos,
não sabem compreender a vida.
Todos
poderiam ser felizes, gozar felicidade e, se não o são, é porque não sabem
dominar o seu "eu", educar a vontade e trabalhar o raciocínio.
Esclarecendo
a humanidade, nós pretendemos torná-la melhor e mais compreensiva. Todos os
espíritos devem estar preparados para as surpresas que a vida lhes proporciona.
Há muita coisa que vem a se passar no futuro e que no presente não se imagina
que possa assim ser.
São muitas as surpresas que surgem na vida de cada um, e para
que essas surpresas, na maioria más, decepcionadoras, não abatam o moral, é
preciso que se tenha o espírito preparado, para não ficar dominado pelos
sofrimentos. Há sofrimentos que vêm naturalmente. São eles provenientes da luta
pela vida, deles não se pode fugir. Mas há outros sofrimentos advindos do mau
emprego do livre-arbítrio, e esses são sofrimentos que abatem o espírito. É o
livre-arbítrio que os engendra, a própria criatura os procurou.
Aqueles
sofrimentos que vêm naturalmente e não se esperavam, constituem surpresas,
abalam e fazem muitas criaturas boas se deixarem avassalar. Esse avassalamento
é proveniente da falta de preparo espiritual. Mas, chegadas às correntes do
Astral Superior, essas criaturas depressa reagem e se esclarecem para prosseguirem
na luta pela vida.
Há
muitos seres que chegam à loucura por falta de orientação espiritual, que
perdem a razão e se deixam avassalar, porque os espíritos enfraquecidos sofrem
um golpe moral, um sofrimento, uma dor. O abatimento se apodera deles de tal
forma que cai completamente toda a sua energia e passam esses espíritos a serem
dominados pelo astral inferior, forças inferiores que nunca perdem o ensejo de
se aproximar daqueles que os atraem com seus pensamentos perturbados.
Há
inúmeras causas de obsessão provenientes de abalos morais, e essas causas de
obsessão se dão porque os espíritos não têm valor e energia para oporem a
reação precisa nos momentos mais críticos da sua vida.
Há,
portanto, necessidade, e muita, de preparar os espíritos para o dia de amanhã,
para o futuro, porque a maioria da humanidade procura viver o momento presente,
e, se esse momento presente lhe dá prazer e alegria, não se lembra de que
amanhã poderá vir a sofrer, poderão surgir surpresas que avassalam e
mortificam.
Do
preparo espiritual depende o equilíbrio mental, a saúde e a felicidade!
É
preciso esclarecer a humanidade, porque só esclarecida poderá ela ser justa,
ponderada e moderada.
Enquanto
as criaturas viverem dissipada e turbulentamente, sem finalidade, sem clareza,
sem aquela compreensão que caracteriza os espíritos cumpridores dos seus
deveres, estarão sujeitas a tristes contingências.
É
preciso preparar o homem para a luta, a mulher para a vida do lar; é preciso
que se convençam de que ambos se completam, mas, se ambos não souberem
entender-se, a vida se lhes tornará um inferno, nunca combinarão.
É
preciso que o homem se convença de que tem que lutar e que o seu êxito depende
do seu valor, da sua força de vontade, do seu equilíbrio mental; é preciso que
homem e mulher se convençam de que têm deveres sérios a cumprir um para com o
outro e ambos para com os filhos, quando os houver.
É
preciso que quem tem encargos de responsabilidade no mundo os saiba exercer com
justiça, com desprendimento e valor. É preciso que todas as criaturas se
convençam de que é necessário fazer esforço, é preciso lutar para conseguir
alguma coisa útil na vida.
Não é
esperando pelos "milagres",
nem tampouco pela fortuna ou pela sorte no jogo que se triunfa. Tudo isso é
próprio de quem não pensa nem raciocina. Aqueles que pensam e raciocinam não
admitem a existência de milagres e sortes. Esses sabem que quem faz para si o
faz, que da luta do homem depende o seu êxito.
E, assim, fortes e resolutos,
esses espíritos enfrentam todas as tempestades morais, todos os vendavais
morais e materiais, todas as crises, todos os fracassos que possam surgir, e
preparados caminham até ao fim da existência com a consciência tranquila, com o
espírito sereno, lúcido e perfeitamente equilibrado.
Egoísmo,
fonte de obsessão e sofrimentos
Por
Luiz de Mattos